Aos doze anos, quando pedia trocados em um cruzamento próximo a favela, uma situação mexeu com ele profundamente. O semáforo fechou e alguns carros pararam em respeito ao sinal vermelho. Ele então se aproximou de uma BMW que aguardava o sinal abrir. Os vidros estavam baixados e no banco de trás uma criança, muito provavelmente o filho do motorista, ficou olhando ele pela janela. Coca ficou parado em frente à criança admirando a forma como ela se vestia. Ao ver aquilo, o motorista acionou o botão de controle dos vidros elétricos e antes mesmo que ele conseguisse pedir alguma coisa, o vidro automático do veículo lentamente foi subindo, porém à medida que o vidro subia, a imagem daquela linda criança no interior do automóvel era substituída pelo reflexo de uma criança pobre e mal trapilha, parada diante daquele carro luxuoso que partiu antes mesmo do sinal abrir e sem ao menos deixar-lhe um único centavo.
Coca voltou-se para calçada onde se encontravam outros garotos, sentou-se e ficou tentando decifrar aquele estranho sentimento que tomava conta dele naquele momento. Embora não compreendesse o que havia acontecido, a frustração de ser um garoto pobre havia tomado conta dele e começava ali uma revolta contra o sistema que divide as classes sociais.
Naquela tarde ele não pediu mais trocados naquele semáforo. Estranhamente sentia-se envergonhado e sem disposição para tal coisa. Após algumas horas resistindo à generosidade de alguns colegas que cheiravam cola no mesmo local e lhe ofereciam a droga com a justificativa que aquilo iria fazê-lo ficar numa boa, ele retornou para a favela com menos dinheiro do que habitualmente conseguia. No pequeno percurso até seu barraco tentava afastar a imagem daquele vidro se fechando e revelando a sua verdadeira realidade. Tentava imaginar outras coisas que não fossem a cena de seu pai chegando bêbado e machucado em casa e de sua mãe desesperada sem ter nada para dar para ele e os seus irmãos comerem.
Lentamente um sentimento de revolta ia crescendo dentro daquela pobre criança, que se sentia confusa tentando descobrir o que estava acontecendo com ela...
Nilson, sucesso p/ você.
ResponderExcluirAbraços.
Visita o CAIXA DE FATOS
Dadi Silveira
Bjs
Obrigaduuuu. DAdi
ResponderExcluirTamo aí NATIVIDADE
Vou seguir você também
um abraço
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabéns pelo relato,muito forte e qd envolve uma criança tudo fica mais emocionante.
ResponderExcluirNa verdade é a realidade de muitas favelas,e o pior de tudo é a descriminação.
Comecei a escrever recentemente,te espero la no meu blog,um blog simples mais com muito amor.
Xau e boa sorte no livro.