segunda-feira, 25 de abril de 2011

Trecho do livro revela... A VIDA NA FAVELA DO BURACO QUENTE


Nascido em Vitória da Conquista, interior da Bahia, na década de 70, Waguinho veio para São Paulo com apenas três anos de idade, acompanhado do pai e mais dois irmão para morar em uma das favelas mais conhecidas e violentas da zona sul, “A Favela do Buraco Quente”.
Um aglomerado de barracos de madeira, as margens do córrego Águas Espraiadas que servia de abrigo e moradia para muitas pessoas, na sua grande maioria, nordestinos em busca de oportunidades na cidade grande, alguns fugindo da seca, outros apenas sonhadores.
Embora localizada em uma região média, a poucos metros do Aeroporto de Conconhas na Capital de São Paulo, a favela era desprovida totalmente de infra-estrutura; ruas de terra batida, esgoto correndo a céu aberto, sem iluminação pública, água somente de uma única fonte que brotava da terra próximo de uma das entradas da favela. Os barracos onde se abrigavam serviam de palco para os mais variados tipos de histórias de luta e sofrimento. Um pequeno barraco com pouco mais de um metro quadrado servia de banheiro comunitário onde os moradores faziam suas necessidades, uma madeira encostada na entrada garantia a privacidade. Tomavam banho na mesma bica onde as lavadeiras cuidavam das roupas da família. Uma lamparina a querosene, garantia a iluminação do barraco e a comida na sua maioria era feita sobre o álcool em uma lata de sardinha ou um pequeno fogão de duas bocas.
Os espaços eram muito disputados e aos poucos surgiam novos barracos contribuindo assim para o avanço da favela.
Outras favelas rodeavam “O Buraco Quente” todas com nomes no mínimo muito curiosos; Buraco do Sapo, Canão, Levanta Sáia, Morro do Piolho, Lacônia, Jardim Editi, Campo da União, Sousa Dantas. Essas eram as mais conhecidas, todas as margens do córrego.
O descampado de um terreno baldio, com dois pontaletes fincados nas extremidades garantia o lazer de crianças e adultos. Mas normalmente o campo não era palco apenas do futebol. Muitos adultos, adolescentes e até mesmo crianças eram vistos com freqüência fumando maconha e cheirando cola naquele local.
Aos três anos de idade, tudo parecia passar despercebido pelas vistas de Waguinho. Apesar da precariedade das condições de sobrevivência, ele não conhecia nada além daquele lugar e nada parecia incomodá-lo. Ao contrário disso convivia pacificamente com os acontecimentos ao seu redor. Manoel, seu pai, era um homem bom, com mais de cinqüenta anos e muito atencioso para com os filhos, porém....

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